Origem da CABRA

CABRA PROMOVE A CRIAÇÃO DE CIDADES DE REFÚGIO NO BRASIL PARA ESCRITORES AMEAÇADOS

  • A violação da liberdade de expressão e sua defesa

Em 1989, quando foi derrubado o muro de Berlim, ano em que aconteceu o massacre na Praça da Paz Celestial e que surgiu a web para o grande publico, Salman Rushdie foi condenado à morte por uma fátua do Aiatolá Khomeini, no Irã. Essa condenação continua em vigência até hoje, como pudemos constatar o na Feira do Livro de Frankfurt, de 2015, quando o Ministro da Cultura do Irã cancelou sua participação, por conta da presença do escritor com dupla nacionalidade: indiana e britânica.

Salman Rushdie foi o primeiro escritor da história da humanidade a ser perseguido no mundo inteiro, e por um pais que nem era seu pais de origem! E, se ele escapou da morte, cerca de duas dezenas dos seus tradutores, editores e livreiros foram, infelizmente, assassinados, por terem se relacionado de alguma maneira com Os Versos Satânicos. Diante desses fatos e dos assassinatos de intelectuais, diretores de jornais, sociólogos, professores de universidade e escritores, na Argélia, no inicio dos anos 90, o próprio Salman Rushdie, com a assinatura e participação de mais de 350 escritores do mundo, criou, em 1993, em Estrasburgo (França), o ParlamentoInternacional de Escritores (IPW) que lançou o Cities of Asylum Network (INCA).

Salman Rushdie, Wole Soyinka e Vaclav Havel foram presidentes e JM Coetzee, Jaques Derrida, Margaret Drabble e Harold Pinter foram membros do conselho. A ideia de criar uma rede de cidades para abrigar escritores ameaçados foi primeiramente acolhida por Barcelona, rapidamente seguida por muitas outras cidades e países, inclusive os Estados Unidos e o México. O IPW foi dissolvido em 2003, mas o esquema permaneceu intacto.

  • A criação de ICORN

Em 2006, a cidade de Stavanger (Noruega) reestruturou essa rede, criando uma organização internacional de sócios independentes, ICORN (www.icorn.org), oferecendo lares seguros para escritores que podiam, assim, continuar se expressando de maneira livre. Desta forma, os escritores estavam em segurança, mas não em silêncio. Uma das primeiras escritoras a ser hospedada por ICORN na cidade de Gothenburg, na Suécia (2006-2008), a jornalista investigativa e escritora bielorrussa Svletana Alexievitch ganhou o Premio Nobel de Literatura esse ano.

Com o aumento do número de escritores perseguidos, por volta de 800 em 2014, segundo dados do PEN Internacional de Londres (www.peninternational.org), é preciso abrir novos espaços para acolher romancistas, ensaístas, dramaturgos, poetas, blogueiros, editores, tradutores, redatores, jornalistas e caricaturistas ameaçados de morte e tortura. Por esta razão, foi lançado o projeto CABRA (CAsas BRAsileiras de Refúgio) no Brasil.

  • A fundação da CABRA

O primeiro passo foi dado em 2014, quando uma comissão de trabalho, formada pelo PEN Internacional de Londres, o PEN Clube do Brasil, o diretor de ICORN, a fundadora da CABRA e dois escritores exilados (Irã e Honduras), veio divulgar o conceito da ICORN neste país, terra de longa tradição de imigração e de integração cultural. A defesa da liberdade de expressão, o respeito aos direitos humanos, o exercício da democracia, a tradição de hospitalidade são os valores essenciais que permitem ao Brasil abraçar plenamente essa causa. Como o ICORN conecta suas cidades membros e seus escritores hospedados numa rede global de solidariedade, criatividade e interação mútua, as cidades brasileiras serão altamente beneficiadas, ao integrar essa rede. Através dos avanços da tecnologia, os escritores da ICORN podem atingir as mídias e audiências em seus países de origem, além de suas vozes poderem ser ouvidas por um novo público na cidade que os acolhe, no além-mar.

Um exemplo dessa solidariedade foi a realização do filme documentário de Marion Stalens, O silencio ou o exílio com participação dos escritores Ma Jian (China), Mana Neyestani (Irã), Svetlana Alexievitch (Bielorrússia) e Horácio Castellanos Moya (Salvador) em 2012.

O segundo passo foi dado em 2015 com diversos encontros entre a fundadora da CABRA e diversas instituições brasileiras que estão apoiando o conceito em varias cidades do Brasil. Uma segunda comissão de trabalho, formada pela diretora executiva da ICORN, a fundadora da CABRA e dos escritores exilados (Egito e Etiópia) encontrou futuros integrantes da rede ICORN a partir de 2016.

Sylvie Debs,
Representante da ICORN no Brasil
Diretora Fundadora da CABRA

 

 

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